Este projeto, com duração de 6 meses, tem carácter exploratório e visa o estudo dos grupos cívicos (coletivos, associações, cooperativas e sindicatos), constituídos por profissionais da arte e da cultura que foram criados a partir de Março de 2020 em Portugal, com o objetivo de responderem à crise provocada pela pandemia Covid-19. Procura-se no projeto indagar como os referidos grupos têm sido criados, como se têm desenvolvido e contribuído para as dinâmicas de resistência política e social no espaço público. Através de uma ótica transdisciplinar que inclua a História de Arte e os Estudos Artísticos, pretende-se analisar as práticas artísticas e os movimentos de luta constituídos neste período, incidindo na performatividade, nas formas de organização, nas estratégias adotadas (políticas e artísticas) e, no limite, aferir o real impacto que as suas ações poderão ter tido nas mudanças de políticas culturais. Pretende-se ainda contextualizar este repertório de lutas relativamente à história recente do ativismo artístico, tomando como referência, por exemplo, a crise financeira de 2008, cujos efeitos estão ainda por sanar.
OBJETIVOS
Produzir conhecimento sobre o objeto de estudo identificado: aprofundando a investigação científica, através da reflexão sobre o modo como a arte pretende ter uma ação transformadora na vida em sociedade e em particular sobre o papel dos artistas e agentes culturais nessa mesma transformação; bem como utilizar e materializar o conhecimento produzido em formatos que permitam uma disseminação mais alargada, potenciando-se a sua discussão para além do contexto académico.
- Produzir conhecimento sobre o objeto de estudo identificado: aprofundando a investigação científica, através da reflexão sobre o modo como a arte pretende ter uma ação transformadora na vida em sociedade e em particular sobre o papel dos artistas e agentes culturais nessa mesma transformação; bem como utilizar e materializar o conhecimento produzido em formatos que permitam uma disseminação mais alargada, potenciando-se a sua discussão para além do contexto académico.
- Contribuir para o plano estratégico do IHA: do ponto de vista dos objetivos do IHA, este projeto inscreve-se nos desígnios do grupo CAS que se centra na investigação das práticas artísticas desde o início do século XX até ao presente através de metodologias que privilegiam a interdisciplinaridade na História de Arte, a sua vertente orientada para projetos e a colaboração entre investigadores; por seu turno, o projeto inscreve-se ainda no trabalho desenvolvido pelo cluster do CASt – Performance Art & Performativity in Arts -, através do qual se pretende explorar de que forma a performatividade destas práticas se foi desenvolvendo a partir da hibridização entre a arte e a sociedade; relativamente ao plano estratégico do IHA, destaca-se a questão da investigação aplicada e a intenção de construir as bases para um projeto de maior envergadura que permita inscrever a historiografia de arte portuguesa num contexto internacional e que possibilite abordagens numa perspetiva global.
CRISTINA PRATAS CRUZEIRO
É Investigadora Auxiliar no Instituto de História da Arte, Universidade NOVA de Lisboa. Concluiu o Doutoramento em 2014 na Especialidade de Ciências da Arte (Faculdade de Belas Artes, Universidade de Lisboa). Foi professora convidada na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa entre 2008 e 2018. Entre 2017 e 2022 desenvolveu o projecto de Pós-Doutoramento intitulado 'Colaboração e Colisão: Intervenção pública e política da arte', no Instituto de História da Arte, Universidade NOVA de Lisboa. O Doutoramento e o Pós-Doutoramento foram financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). A sua investigação centra-se na relação das práticas artísticas com a sociedade em diferentes perspectivas, com especial enfoque para a articulação com a política e arte pública. Neste âmbito tem desenvolvido diversas actividades académicas, publicado e participado em projectos artísticos como investigadora participante.
Natural de Mortágua, distrito de Viseu, a minha formação extra-curricular esteve sempre ligada às práticas artísticas performativas, nomeadamente à música e ao teatro. O gosto pelas práticas artísticas, os seus contextos históricos e o papel relevante que ocupam na construção e estruturação da sociedade civil, orientaram o meu percurso académico e profissional até às áreas da História, História da Arte e Museologia.
Residente em Lisboa desde 2006, a vivência cultural e artística da cidade, fez-me aproximar ainda mais das questões relacionadas com a criação e a prática artística num diálogo interdisciplinar entre a teoria e a prática, o artista, a instituição e os seus públicos.
Terminei o mestrado em Museologia em 2013, desenvolvi estágios em diversos museus nacionais (Museu Nacional da Música, Museu Nacional do Teatro e da Dança), fui responsável pela Programação Museológica do Museu Sumol, um museu de empresa e industrial situada em Pombal. Em 2014, regressei ao meio académico para prosseguir a investigação sobre os temas que me inquietavam e iniciei o doutoramento, como Bolseira FCT, em Estudos Artísticos, com a tese “Performatividades em Exposição: Encontros e Desencontros entre Performances e Contextos Curatoriais”, defendida em 2020
Alexandra do Carmo vive e trabalha em Lisboa, é artista e investigadora, doutoranda em Estudos Artísticos Arte e Mediações na Universidade Nova de Lisboa, FCSH-IHA, da qual é bolseira (conjuntamente com a FCT). Estudou no Whitney Independent Study Program e no Pratt Institute, ambos na cidade de Nova Iorque e no Ar.Co em Lisboa. Os seus últimos projetos artísticos são Campanha Linha Vermelha com a Greve Climática Estudantil, Lisboa, 15 de Março 2020, para a exposição Earthkeeping/Earthshaking na galeria Quadrum em 2020 e O Ateliê Verde no IC19 no Sismógrafo no Porto em 2018. A sua prática artística centra-se no ateliê como campo conceptual de estudo, uma lente através da qual se investigam as relações entre artista e público, revelando as dinâmicas, condições e limites da autoria. A sua área de investigação é o conceito de Artistic Autonomy for Public Use nas práticas artísticas Norte Americanas de carácter social e político.
Catarina Pires vive e trabalha em Lisboa. É doutoranda em Estudos Artísticos na FCSH, Universidade NOVA de Lisboa e investigadora do IHA/NOVA FCSH. É mestre em Estudos Curatoriais pela Universidade de Coimbra e licenciada em Ciências da Cultura pela Universidade de Lisboa. Colaborou com instituições como a Haus der Kulturen der Welt e a Künstlerhaus Bethanien e os seus principais interesses de investigação são artes visuais contemporâneas, trabalho e direitos laborais nas artes e activismo artístico. A sua investigação de doutoramento foca-se em estratégias de resistência utilizadas por artistas visuais contra as relações laborais existentes no capitalismo contemporâneo.
Raquel Ermida é doutoranda em Estudos Artísticos pela NOVA/FCSH. O seu projeto é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e investiga e analisa o potencial político gerado pelos mais de 40 coletivos de artistas surgidos no Porto entre 1998 e 2015. Ermida é mestre em Artes Visuais - Estudos Críticos, Curatoriais de Cybermedia pela Haute École d’Arts et de Design em Genebra. Atualmente é investigadora doutoranda do Instituto de História de Arte e membro da IRPDP - Independent Research Platform and Doctoral Practice em Genebra. Em 2020, ganhou uma bolsa Fulbright e nesse âmbito desenvolveu investigação na Pratt Institute, em Nova Iorque.
Fiz a licenciatura em Filosofia (FLUL), os cursos profissionais em Fotografia (CENJOR) e o Curso de Gestão/Produção de Artes do Espectáculo (Forum Dança). Completei o mestrado em Crítica, Teoria e Curadoria da Arte (FBAUL). Actualmente sou doutoranda em Estudos Artísticos na NOVA FCSH com o projeto “PIGS: Espaços de Exaustão como Práticas Artísticas no Sul da Europa”. A minha pesquisa foca-se na arte contemporânea e na produção de espaço em contexto artístico. Circulo nos tópicos dos bens comuns, da autonomia na arte, espaço público e privado, cultura DIY e DIT. Colaboro com artistas e espaços artísticos independentes, com associações culturais e civis.
Sónia Vespeira de Almeida (Lisboa, 1973) é antropóloga e Professora Auxiliar no Departamento de Antropologia – FCSH - Universidade Nova de Lisboa. É investigadora integrada do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA) e Vice-Presidente desta Unidade de Investigação. Integra ainda o Laboratório Associado IN2PAST - Laboratório Associado para a Investigação e Inovação em Património, Artes, Sustentabilidade e Território. Obteve o seu doutoramento no ISCTE-IUL (2008) com uma investigação sobre as Campanhas de Dinamização e Acção Cívica do MFA. Actualmente desenvolve pesquisa sobre práticas artísticas contemporâneas e arquivos etnográficos. Co-dirige o tema de investigação: "Histoire de l'anthropologie et archives ethnographiques portugaises” da BEROSE. Encyclopédie Internationale des Histoires de l’anthropologie. Tem uma vasta experiência em actividades editoriais. É membro do Conselho Editorial dos Cadernos de Arte e Antropologia (NVBA - Brasil) e foi membro dos Conselhos Editoriais das seguintes publicações: Análise Social (2015-2020), Etnográfica (2009-2013), Arquivos da Memória (2007-2009), Le Monde Diplomatique. Edição portuguesa (2010-2012). Em 2008 foi galardoada com a menção honrosa no âmbito do Prémio Victor de Sá de História Contemporânea
Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA)
O CRIA é uma unidade interuniversitária que existe desde 2007 como unidade de I&D da FCT, que foi classificada com Muito Bom nas avaliações internacionais de Unidades de I&D de 2007, 2013 e 2017. O Centro organiza-se em polos sediados em quatro instituições universitárias (ISCTE, NOVA FCSH, UCoimbra e UMinho) e a pesquisa aí desenvolvida organiza-se em torno de grupos de investigação que compõem o núcleo científico do centro e reúnem investigadores dos diferentes pólos institucionais. Estes grupos formaram-se a partir de quatro campos específicos de pesquisa da equipa do CRIA: (1) Circulação e Produção de Lugares, (2) Desafios Ambientais, Sustentabilidade e Etnografia, (3) Governação, Políticas e Quotidiano, e (4) Práticas e Políticas da Cultura.
O CRIA participa no seed-project através da seguinte tarefa: actividades de consultadoria(apoio à preparação de entrevistas, à recolha e análise de dados, aconselhamento bibliográfico, apoio e colaboração relativo à organização de actividades de disseminação). Esta tarefa é coordenada pela investigadora integrada do CRIA Sónia Vespeira de Almeida.
Centro de Artes e Criatividade (Torres Vedras)
O Centro de Artes e Criatividade (CAC) é um recente equipamento cultural do município de Torres Vedras. Centra a sua actividade principal na divulgação e preservação do Carnaval, promovendo, paralelamente, o desenvolvimento das práticas artísticas e da criatividade como formas de inclusão social. Assume-se nos valores centrais da vida, sátira, transformação, libertação e transgressão.A parceria com o Centro de Artes e Criatividade centra-se no acolhimento do período de residência académica, enquanto espaço de trabalho e investigação participada, mas também enquanto lugar de curadoria e apresentação do arquivo e dos objectos resultantes do projecto de investigação proposto. São também parceiros na realização de eventos públicos de disseminação dos resultadosintermédios e finais do projeto.
Chão de Oliva - Centro de Difusão Cultural em Sintra
Fundado em 1987, como consequência do múltiplo trabalho de animação cultural efectuado no meio escolar e associativo de Sintra, o Chão de Oliva - Centro de Difusão Cultural (CO) é uma associação que desenvolve actividades apoiadas em quatro eixos estruturantes: Criação, Programação, Acolhimentos e Formação, tendo o teatro como actividade-âncora. A parceria com o Chão de Oliva centra-se no acolhimento do período de residência académica, enquanto espaço de trabalho e investigação participada, mas também dos momentos públicos do projecto.